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Civilização

Civilização

04
Jan19

As Cidades e a Civilização

Afonso Manuel

 

 

 

E o Amor, na Cidade, meu gentil Jacinto? Considera esses vastos armazéns com espelhos, onde a nobre carne de Eva se vende, tarifada ao arratel, como a de vaca! Contempla esse velho Deus do Himeneu, que circula trazendo em vez do ondeante facho da Paixão a apertada carteira do Dote! Espreita essa turba que foge dos largos caminhos assoalhados em que os Faunos amam as Ninfas na boa lei natural, e busca tristemente os recantos lôbregos de Sodoma ou de Lesbos!... Mas o que a Cidade mais deteriora no homem é a Inteligência, porque ou lha arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância. Nesta densa e pairante camada de Ideias e Fórmulas que constitui a atmosfera mental das Cidades, o homem que a respira, nela envolto, só pensa todos os pensamentos já pensados, só exprime todas as expressões já exprimidas — ou então, para se destacar na pardacenta e chata rotina e trepar ao frágil andaime da gloríola, inventa num gemente esforço, inchando o crânio, uma novidade disforme que espante e que detenha a multidão como um mostrengo numa feira. Todos, intelectualmente, são carneiros, trilhando o mesmo trilho, balando o mesmo balido, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, as pegadas pisadas; — e alguns são macacos, saltando no topo de mastros vistosos, com esgares e cabriolas. Assim, meu Jacinto, na Cidade, nesta criação tão antinatural onde o solo é de pau e feltro e alcatrão, e o carvão tapa o céu, e a gente vive acamada nos prédios como o paninho nas lojas, e a claridade vem pelos canos, e as mentiras se murmuram através de arames — o homem aparece como uma criatura anti-humana, sem beleza, sem força, sem liberdade, sem riso, sem sentimento, e trazendo em si um espírito que é passivo como um escravo ou impudente como um histrião... E aqui tem o belo Jacinto o que é a bela Cidade! 

--- A Paris do último terço do século XIX conforme vista por Eça de Queirós em "As Cidades e a Serra" .

05
Dez18

A Civilização do Antigo Egipto

Afonso Manuel

 

 

 / Updated 
By Megan Gannon

Last week a team of scientists working in Egypt announced a sensational discovery. They had detected a “void” roughly 100 feet wide and 26 feet high inside the Great Pyramid of Giza, built 4,500 years ago during the reign of Pharaoh Khufu.

It was the first time since the 19th Century that a major interior structure had been found within the pyramid, according to a paper about the discovery published in the journal Nature. And the discovery was made not by archaeologists wielding spades and brushes but by physicists using special detectors that “see” high-energy subatomic particles called muons

 

Pirâmides no Egito, a história perdida e secreta dos subterrâneos em Giza/Gizé ...


14/11/2018 - A história perdida e secreta das PIRÂMIDES do Egito. .... No entanto, o que é intrigante é: afinal de contas quem construiu essa passagem?
 

Pyramid Power | Pyramids - Crystal Wind 

05
Dez18

O Império Hitita

Afonso Manuel

 

O Império Hitita a laranja na imagem

 

Os Hititas foram uma das primeiras grande civilizações, rivalizando com o Império Egípcio no segundo milénio antes da nossa Era.

Os Hititas são assim conhecidos pois denominavam-se a eles próprios hatti, infelizmente não chegou até nós uma informação detalhada sobre este povo, boa parte da sua História perdeu-se ao longo dos séculos. Certo é que chegaram à região que conhecemos actualmente como Anatólia vindos do Cáucaso em 2000 a. C., a sua origem levanta muita discussão, mas a corrente historiográfica geralmente mais aceite é que provavelmente eram originários da actual Ucrânia, região onde existia uma tribo no terceiro e quarto milénios antes de Cristo, de falantes de uma língua não pertencente ao grupo indo-europeu, como a língua hitita.

Assim como os egípcios, a escrita dos Hititas utilizava hieróglifos. São descritos pelas fontes da época como um povo de baixa estatura mas fortes fisicamente, com cabelos e barbas compridas. O cavalo assumia um papel fundamental na cultura Hitita, dependiam do cavalo para fazer mover os seus carros de guerra, que distinguiam-se dos restantes carros de guerra da época, por comportar três ocupantes em vez dos dois das outras potências regionais da época – Egipto e Babilónia. Em termos legislativos tinham uma postura menos punitiva comparativamente às restantes potências locais, a pena de morte era atribuída em caso de violação ou de não cumprimento dos decretos régios.

Graças a este carro de guerra expandiram os seus domínios para lá da Anatólia, conquistando territórios no que é actualmente Líbano e Síria, e formando um Império que rivalizava com o Egipto e Babilónia. É possível encontrar diversas passagens no Antigo Testamento relativamente a este povo.   (mais aqui https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es_da_Antiguidade/Os_hititas e aqui http://www.calendarios.info/cronologia-essencial-assirios-hititas-persas/  )

05
Jul18

...

Afonso Manuel

Degen.jpg

 

"Na perspectiva geopolítica mais ampla esses grupos da Nova Esquerda influenciados pelo situacionismo na verdade ampliaram o poder do capitalismo americano na Europa. O maio de 1968 quebrou a força do governo gaullista, que vinha afirmando sua independência em relação a OTAN e perseguindo políticas econômicas dirigistas que solapavam a força do capitalismo internacional. Devemos notar, de passagem, que o líder neoesquerdista David Cohn-Bendit tinha ligações com a CIA também. Como Alain de Benoist notou o maio de 68, longe de instilar disciplina revolucionária, promoveu a atomização individualista e a satisfação mercadológica de desejos hedonistas:
 
"O grande erro foi crer que ao atacar valores tradicionais eles poderiam lutar melhor contra a lógica do capital. Havia sido ignorado que estes valores, bem como o que restava de estruturas sociais orgânicas, constituía o último obstáculo para a expansão planetária dessa lógica. O sociólogo Jacques Julliard fez uma observação bastante correta sobre isso quando ele escreveu que os militantes de maio de 68, quando denunciavam valores tradicionais 'não notaram que estes valores (honra, solidariedade, heroísmo) eram, de forma bem próxima, os mesmos que os do socialismo, e ao suprimi-los, eles abriram caminho para o triunfo de valores burgueses: individualismo, cálculo racional, eficiência'.
 
Mas houve também outro maio de 68, de inspiração estritamente hedonista e individualista. Longe de exaltar uma disciplina revolucionária, seus partidários queriam acima de tudo 'proibir o proibir' e 'desfrute sem impedimentos'. Mas, eles rapidamente perceberam que isso não fazia uma revolução nem 'satisfazer estes desejos' os colocaria a serviço do povo. Ao contrário, eles compreenderam rapidamente que estes seriam mais garantidamente satisfeitos em uma sociedade liberal permissiva. Assim, todos eles naturalmente se bandearam para o capitalismo liberal, o que não foi, para a maioria deles, ausente de vantagens materiais e financeiras".
 
De modo geral, a Nova Esquerda continuou o trabalho do capitalismo ao reforçar os valores individualistas do Ocidente e removeu as últimas barreiras no caminho da dominação de desejos consumistas em todas as esferas da vida. Nas instâncias em que a Nova Esquerda ocidental se apaixonou por revolucionários do Terceiro Mundo, isso tomou a forma de um escapismo orientalista rumo a fantasias exóticas que não tinham nada em comum com as perspectivas de stalinistas convictos como Che Guevara ou Mao Zedong. A solidariedade de hippies americanos para com revolucionários camponeses vietcongues parece patentemente absurda. O Vietnã foi vencido em nome do coletivismo radical, da virtude militar ascética e da libertação nacional, não do libertinismo sexual e do ofender os próprios pais. É claro, pode-se notar exceções legítimas no meio da Nova Esquerda, como a Fração do Exército Vermelho, da Alemanha Ocidental, que realmente incorporou a disciplina exaltada por guerrilheiros até a morte.
 
Concluindo, podemos dizer que o espírito revolucionário da juventude foi sabotado pelos valores ocidentais contra os quais ele deveria estar travando um conflito revolucionário, nomeadamente individualismo, egoísmo, hedonismo, a recusa da autêntica disciplina revolucionária. O potencial revolucionário da juventude foi transformado em mais um mercado. O sofrimento e sacrifício de combatentes ao redor do mundo se tornaram acessórios para jovens alienados pavonear seu "individualismo", que na realidade não é nada além de conformismo à vasta gama de opções oferecidas pelo capitalismo. Outro sinal da degeneração da "Geração Eu". A verdadeira revolta vindoura deve necessariamente varrer essa falsa rebelião que satura a juventude ocidental, junto a todos os outros falsos valores do Ocidente." (o texto completo no link-post colocado em baixo)
 

 https://legio-victrix.blogspot.com/2016/11/eugene-montsalvat-degeneracao-e-geracao.html 

28
Mai18

A Cidade(Estado)de Platão

Afonso Manuel

filosofia-poltica-em-plato-e-aristteles-8-638.jpg

Por volta de 2500 anos atrás, Platão escreveu um diálogo, com uma metáfora que seria uma das mais conhecidas no ramo da filosofia, O mito da caverna.

Imagine uma comunidade de pessoas vivendo desde a infância dentro do fundo de uma caverna, presas, acorrentadas de uma maneira que só pudessem olhar para a frente de uma parede (isso seria a condição humana). Imagine que na parede, aparecessem sombras pouco nítidas do que seriam imagens de estátuas.. vasos, bacias… providas de trás de um muro onde todos estavam acorrentados. Sendo assim, seria impossível ver quem, ou o quê produzia essas imagens… todos apenas ficariam enxergando suas “sombras” na parede.

Para toda aquela comunidade que só enxerga aquelas sombras (surgindo e se desfazendo na frente deles), e não conhecem nada mais além daquela caverna, aquelas imagens viram ídolos! as imagens fantasmagóricas que vivem surgindo diante deles passam a ter um significado.

A caverna é muito pouco iluminada, existe uma escassa luz vinda do subterraneo, e os habitantes estariam condenados a viver naquela triste realidade da qual estavam acostumados desde sempre.

Seguindo com seu raciocínio, Platão imaginou que, se por acaso alguém libertasse um desses prisioneiros de sua própria ignorância e o levasse para fora da caverna, o que aconteceria?

A princípio, o prisioneiro ficaria atordoado diante da luz do sol que ofuscaria seus olhos que viveram tanto tempo condicionados “aquela realidade” de sombras e escuridão. Aos poucos, enquanto estivesse recuperando a visão.. ele observaria todo o tipo de coisas sendo banhadas pela luz, inclusive a ele mesmo, todas as imagens e sombras começariam a fazer um outro tipo de sentido… Conforme ele continuasse andando para fora da caverna, enxergaria uma infinidade de objetos incríveis que o cercava, e ainda maravilhado e em êxtase, ele se depararia com um mundo completamente diferente  oposto ao que ele conhecia antes! Apartir de agora, o prisioneiro se depararia com um universo inteiro de conhecimento diante dele! A explicação para todas as coisas estavam diante de seus olhos, podendo vislumbrar-se com o mundo das formas perfeitas!

O que aconteceria se o prisioneiro que acabou de descobrir todas as maravilhas do mundo, voltasse para dentro da caverna para contar ao grupo o que havia descoberto?

Com certeza, os habitantes do lugar iriam ridiculariza-lo abertamente, pondo em dúvida esse “universo” do qual o indivíduo fala. Ele seria completamente hostilizado, dado como um excêntrico, doido, maluco.

O que fazer então? Se excluir do grupo e guardar todo esse conhecimento para sí mesmo? ou a tarefa do homem deve estar a serviço da sociedade, e todas suas descobertas devem ser compartilhadas com todos?

Certamente a segunda opção. Porém no momento em que o homem prosseguisse com suas idéias “incômodas” para o grupo, terminaria por ser aniquilado, e assim, todos os habitantes poderiam viver em paz, presos dentro de sua própria ignorância.

 

 

 

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