"Na perspectiva geopolítica mais ampla esses grupos da Nova Esquerda influenciados pelo situacionismo na verdade ampliaram o poder do capitalismo americano na Europa. O maio de 1968 quebrou a força do governo gaullista, que vinha afirmando sua independência em relação a OTAN e perseguindo políticas econômicas dirigistas que solapavam a força do capitalismo internacional. Devemos notar, de passagem, que o líder neoesquerdista David Cohn-Bendit tinha ligações com a CIA também. Como Alain de Benoist notou o maio de 68, longe de instilar disciplina revolucionária, promoveu a atomização individualista e a satisfação mercadológica de desejos hedonistas:
"O grande erro foi crer que ao atacar valores tradicionais eles poderiam lutar melhor contra a lógica do capital. Havia sido ignorado que estes valores, bem como o que restava de estruturas sociais orgânicas, constituía o último obstáculo para a expansão planetária dessa lógica. O sociólogo Jacques Julliard fez uma observação bastante correta sobre isso quando ele escreveu que os militantes de maio de 68, quando denunciavam valores tradicionais 'não notaram que estes valores (honra, solidariedade, heroísmo) eram, de forma bem próxima, os mesmos que os do socialismo, e ao suprimi-los, eles abriram caminho para o triunfo de valores burgueses: individualismo, cálculo racional, eficiência'.
Mas houve também outro maio de 68, de inspiração estritamente hedonista e individualista. Longe de exaltar uma disciplina revolucionária, seus partidários queriam acima de tudo 'proibir o proibir' e 'desfrute sem impedimentos'. Mas, eles rapidamente perceberam que isso não fazia uma revolução nem 'satisfazer estes desejos' os colocaria a serviço do povo. Ao contrário, eles compreenderam rapidamente que estes seriam mais garantidamente satisfeitos em uma sociedade liberal permissiva. Assim, todos eles naturalmente se bandearam para o capitalismo liberal, o que não foi, para a maioria deles, ausente de vantagens materiais e financeiras".
De modo geral, a Nova Esquerda continuou o trabalho do capitalismo ao reforçar os valores individualistas do Ocidente e removeu as últimas barreiras no caminho da dominação de desejos consumistas em todas as esferas da vida. Nas instâncias em que a Nova Esquerda ocidental se apaixonou por revolucionários do Terceiro Mundo, isso tomou a forma de um escapismo orientalista rumo a fantasias exóticas que não tinham nada em comum com as perspectivas de stalinistas convictos como Che Guevara ou Mao Zedong. A solidariedade de hippies americanos para com revolucionários camponeses vietcongues parece patentemente absurda. O Vietnã foi vencido em nome do coletivismo radical, da virtude militar ascética e da libertação nacional, não do libertinismo sexual e do ofender os próprios pais. É claro, pode-se notar exceções legítimas no meio da Nova Esquerda, como a Fração do Exército Vermelho, da Alemanha Ocidental, que realmente incorporou a disciplina exaltada por guerrilheiros até a morte.
Concluindo, podemos dizer que o espírito revolucionário da juventude foi sabotado pelos valores ocidentais contra os quais ele deveria estar travando um conflito revolucionário, nomeadamente individualismo, egoísmo, hedonismo, a recusa da autêntica disciplina revolucionária. O potencial revolucionário da juventude foi transformado em mais um mercado. O sofrimento e sacrifício de combatentes ao redor do mundo se tornaram acessórios para jovens alienados pavonear seu "individualismo", que na realidade não é nada além de conformismo à vasta gama de opções oferecidas pelo capitalismo. Outro sinal da degeneração da "Geração Eu". A verdadeira revolta vindoura deve necessariamente varrer essa falsa rebelião que satura a juventude ocidental, junto a todos os outros falsos valores do Ocidente." (o texto completo no link-post colocado em baixo)